A razão, um suposto apanágio humano.

Estamos passando por um momento na história humana sem precedentes. Ainda não entendemos como lidar com o desequilíbrio relativo a contínua elevação e descontrole da espécie. Aprendemos a ampliar os meios que prolongam e garentem a sobrevivência, nos deixando viver mais, reproduzir mais, reduzindo inclusive a mortalidade infantil e senil, melhorando a medicina, a indústria farmacêutica, ambas interessadas em salvaguardar a saúde dos seus comuns (se isso implica em dependências química e psíquicas, não importa), entre tantas outras facilitações tecnológicas que ampliam nossa capacidade existencial. A lista é grande e não caberia aqui, nesse resumo do caos. Logo, com tanta capacidade de existência ocorrendo no mundo tal qual conhecemos, um avassalador e incontrolável crescimento da humanidade, do animal humano, da espécie de racionalidade duvidosa, prossegue como inevitável descontrole pandêmico humano. Tóxica ao extremo quando as colônias bípedes com telencéfalo altamente desenvolvido crescem desmedidamente. Remediável sim, porém longe da cura a exemplo das espécies virais, a nossa é altamente adaptável e se reproduz rapidamente seja no lixo, seja no luxo. Sim, não sabemos como lidar com a vida, não compreendemos o óbvio que tanto observamos nas espécies que sucumbem quando a hiperpopulação de seres da mesma espécie ocupam o mesmo espaço. Os efeitos de uma moralidade mítica e acrítica, interessada apenas em seguidores controlados por uma fé cega, numa ideologia qualquer com narrativas “idiotizantes”, adoece aquilo que acreditamos ser o nosso melhor: nossa capacidade altruísta estúpida e egocêntrica ao crer que toda realidade é exclusiva humana, de uma espécie que pensa ser a escolhida e privilegiada dentro de um universo de dimensão imensurável e desconhecida. Sim, humanos esqueceram o básico dos básicos, a obviedade de que todo excesso compromete a homeostase existencial. Mas, dirão que tudo que foi exposto aqui são palavras pessimistas de quem não pode prová-las. Não deixa de ser verdade, não se pode provar mesmo, já que o futuro é sempre um lugar que ainda não existe. Talvez você, quem me lê, negue ao sentir desconfortos por entender que faz parte dessa colônia tóxica. Por achar que faz diferente de todos, por acreditar que está consciente das suas atitudes e que jamais colaboraria para o caos e sim para a salvação das vidas do mundo. Enfim, em resumo, não sabemos mais como lidar com nossa espécie que, velozmente devora a si mesma. Certamente Thomas Hobbes não tinha ideia da sabedoria de suas observações afirmando que: “o homem é o lobo do homem”. Se ainda assim há dúvida sobre tal afirmativa, fica claro que estamos todos no caminho certo para dar errado.

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